QUEM SOU?
Meu nome é Rosimari de Paula Almeida, tenho trinta e dois anos, casada, mãe de duas filhas a Milena com 6 anos e a Emilly com um ano e meio. Moro em Campo Bom há mais ou menos dez anos, sou funcionária do município de Novo Hamburgo há 3 anos, onde atuo em sala-de-aula 40 horas semanais com duas turmas de 4º ano.
Me formei professora em 1997, porém já havia concluído o Ensino Médio em 1991 em Jaboticaba onde morava com munha família. Mudei-me para Sapiranga neste mesmo ano, trabalhei em fábricas de calçados, mas com o incentivo de minha mãe e de minha irmã mais velha que já era professora, voltei a estudar e fiz adaptação ao Magistério no Colégio Santa Terezinha, em Taquara, onde me formei em 1997.
Além do incentivo da família o que me fez enveredar para este caminho também era buscar uma profissão, sempre gostei de estudar, ler e isso facilitou e ajudou na hora de aceitar a idéia e encarar esse desafio.
Iniciei o curso de biologia em 1998 na Unisinos, cursei várias disciplinas, parei por dificuldades financeiras. Trabalhei durante cinco anos como contratada do estado com a disciplina de ciências com turmas de quinta a oitava série, gostava muito de trabalhar com esta faixa etária de alunos.
Ao me tornar professora me dei conta que nesta profissão só continua quem tem vocação e gosta muito, pois ser professora nos dias de hoje se tornou muito desafiador, exigindo de nós dedicação total, temos que assumir vários papéis perante nossos alunos: ser mãe, psicóloga, enfermeira além de professora. Acabamos assumindo responsabilidades que seriam exclusivamente dos pais, mas que nem sempre são levados em conta.
Também vejo como uma profissão de muita responsabilidade pois estamos lidando com seres humanos em formação, que muitas vezes têm somente a nós em quem se espelhar e isto nos torna, muitas vezes, responsáveis por seu sucesso ou fracasso.
Tenho ousadia para ir em frente, para lutar por dias melhores em nossas escolas, sonhar que um dia a educação receberá o seu devido valor, pensar que amanhã será melhor que hoje, enfim, acreditar que na educação está a solução, senão de todos, mas da maioria dos problemas da sociedade.
Tenho medo de algum dia acordar e perceber que tudo o que sonhei e acreditei não deu certo. Que muitas crianças que passaram pela minha sala- de- aula enveredaram pelo "caminho mais curto", das drogas, da marginalidade, da auto-destruição. Mas do que mais eu tenho medo: cansar de sonhar, desistir de lutar, pois enquanto sonhamos ainda temos esperança, se pararmos de sonhar o que nos restará?
Quero dialogar sobre experiências vividas, mas com alguém que tenha vivido a realidade como ela é, em vilas pobres, em lugares onde muitas vezes só se vive porque se tem esperança. Dialogar com alguém que vá entender o que estou dizendo, que tenha experiências práticas e não saiba só na teoria, porque nos livros a realidade é linda, tudo funciona, na prática a coisa muda de figura.